A principal razão pela qual eu decidi ter uma experiência internacional foi aperfeiçoar minhas habilidades profissionais e, consequentemente, impulsionar minha carreira. Desde quando iniciei minha vida profissional, há onze anos atrás, tenho este objetivo em mente. Em 2017, finalmente o concretizei.

Depois de muito pensar e analisar as opções existentes, Dubai foi o destino escolhido. O ambiente futurístico, dinâmico e multicultural influenciou positivamente minha escolha.

Os arranha-céus do bairro Dubai Marina

Fiz um comprometimento comigo mesma: eu iria tirar proveito de cada oportunidade ou atividade dada a mim e me envolveria na maior quantidade de projetos possíveis. E assim o fiz.

Estas foram as lições aprendidas por mim em quase 2 anos vivendo e trabalhando em Dubai:

1. Não julgue seu colega de trabalho baseado na nacionalidade dele/dela. Em Dubai, existem tanto latinos pontuais quanto europeus não pontuais. Existem indianos que falam inglês perfeitamente e sem sotaque, assim como alemães que são impossíveis de entender. Trabalhei em uma equipe de portugueses, indianos, sérvios, alemães e turcos. No escritório onde trabalhei, havia 140 colaboradores de mais de 30 diferentes nacionalidades. Há gente de todos os lugares, com as mais diferentes mentalidades e histórias de vida. Impossível formar um conceito sobre uma determinada pessoa baseando-se somente onde ela nasceu. Dubai quebrou diariamente paradigmas e preconceitos os quais eu nem sabia que habitavam em mim. 

2. Tudo é possível. O deserto é o ambiente natural dos Emirados Árabes Unidos e da maioria dos países do golfo e do Oriente Médio. Há 70 anos atrás, onde eu morei, onde eu pisei ou qualquer lugar onde eu ira era literalmente areia. No ambiente de trabalho, somos instigados, mesmo na dificuldade, a encontrar a melhor solução possível. Em Dubai, se construiu o maior prédio do mundo (Burj Khalifa), o maior shopping do mundo (Dubai Mall) e milhares de ilhas artificiais. Portanto, sim, há uma resolução para tudo: desde encontrar aquela formula de Excel a fechar aquele contrato em que todos diziam ser impossível de se fechar. “Por que não?” era nosso lema oficial.

Na entrada do Burj Khalifa, a frase do Sheikh de Dubai Mohammed bin Rashid Al Maktoum

3. O nível de profissionalismo dos expatriados de Dubai é alto. Tive uma curta experiência internacional na Alemanha, país de origem da empresa em que trabalhava. Desde então, minha melhor referência em relação a ambiente de trabalho e profissionalismo era lá. Até eu trabalhar em Dubai.

Em Dubai, o visto de residência é subsidiado pela empresa. Não há forma de se ter um visto permanente nos Emirados. Por esse motivo, todos sabemos que iremos viver aqui temporariamente. Cabe a nós planejar e decidir qual será nossa próxima moradia e, enquanto esse dia não chega, nós vivemos e aprendemos o máximo que podemos.

Meus colegas de trabalho são pessoas motivadas e focadas no sucesso. Com eles, aprendi a reclamar menos, verificar as possibilidades, escolher a melhor e agir. Menos mimimi e mais ação, o clichê o qual mais me desenvolveu.

4. Você vai (literalmente) comer muita areia. E tudo bem. Há um padrão de excelência a ser seguido e os expatriados que o seguem se destacam. A forma em que encontrei para atingir este padrão foi superando limitações muitas vezes existentes somente em minha cabeça.

Aprendi a não me comparar, mesmo sabendo que eles provavelmente iniciaram o aprendizado em inglês anos antes que eu, ou são expatriados há mais tempo que eu. Eu me vitimei e me inferiorizei e isso não me ajudou em absolutamente nada. Em Dubai, eu “comi areia”, me empoderei e encarei os contratempos no caminho.

5. E o mais importante: há espaço para mulheres! Sempre que falo que trabalhei no Oriente Médio, me perguntam se eu podia dirigir, se tinha que usar burca ou se trabalhei somente com homens. Minha resposta é não para todas estas dúvidas. Eu dirigia e continuei usando minhas roupas do Brasil (com uma diferença: sem regatas ou blusas com alcinha no escritório). Quanto a trabalhar somente com homens, sou do ramo automotivo e isso significa que naturalmente convivo mais com homens que mulheres. Eu diria que, em Dubai, há a mesma porcentagem de mulheres que no escritório que trabalhava no Brasil, na mesma empresa. Porcentagem essa que não concordo e luto para ser mudada.

Quando estive lá, fiquei sabendo que eu era a primeira brasileira da empresa a ir trabalhar em Dubai. Sinto e espero que eu tenha aberto a porta para muitas que ainda virão.

Eu, eternamente grata por tudo que o “deserto” me ensinou



Isabela Aguiar já morou na Alemanha e em Dubai e começou a viajar há 10 anos. É fascinada por pirâmides, mas também por arranha-céus. É apaixonada pelo mundo, mas especialmente pela América Latina. Compartilhar suas experiências e convencer as pessoas a viajarem mais é a sua maior motivação.

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