Por que viajar para a Rússia?

País com maior área territorial do mundo, a Rússia é conhecida não só pela Vodka, pelo balé de Bolshoi ou pelo seu rigoroso inverno, mas também por sua história e arquitetura. Seus palácios construídos por antigos imperadores, a Praça Vermelha, as igrejas coloridas e o Kremlin, fortificação onde está localizado seu Governo, atraem milhões de visitantes por ano. A Copa do Mundo de Futebol de 2018 ocorreu lá, o que aumentou ainda mais o interesse das pessoas quanto a este (para alguns) inusitado destino.

Um pouco sobre a Rússia

A Rússia é poderosa desde quando era comandada por czares e imperadores. Período esse acabado após a Revolução Bolchevique e o início da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS). A Rússia foi o principal e o maior país da URSS, que existiu de 1922 a 1991. Também teve papel fundamental na vitória da Segunda Guerra Mundial, além de ter sido o lado comunista na Guerra Fria. Após o fim do período soviético, a Rússia começou a se abrir mais ao mundo. A capital Moscou e a antiga capital São Petersburgo são as cidades mais visitadas pelos turistas e ambas carregam a incrível história da Rússia em suas ruas e monumentos.

A Catedral de São Basílio na Praça Vermelha, a maior praça do mundo

Quando ir

As estações na Rússia são bem definidas, principalmente o inverno, que é longo, frio e com muita neve. Por conta disso, a baixa temporada é também nesta época: de dezembro a março. No auge do inverno, o sol nasce às 9h da manhã e se põe às 16h. Os preços dos hotéis e das atrações caem, assim como as temperaturas. Se você acha que dá ou gostaria de encarar o frio de -10°C a -20°C, esta época pode ser uma opção para você.

Período mais visado pelos turistas, o verão se inicia em junho e vai até agosto. Por ser alta temporada, há várias atrações específicas deste período. Também no verão ocorre o fenômeno “Noite Brancas”, quando o sol começa a se pôr somente às 22h da noite, mas nunca se vai totalmente. Como o dia dura mais tempo e as temperaturas estão muito favoráveis, turistas lotam as cidades russas, os preços se elevam e as filas para os pontos turísticos ficam imensas. Nesta época, as temperaturas variam de 15 °C e os 25 °C e uma blusa pode ser necessária.

A meia temporada acontece na primavera, de abril a maio e também no outono, de setembro a novembro. Em ambas épocas, as temperaturas estão mais amenas (para os padrões russos), ficando entre 1°C a 10°C. Visitei a Rússia em outubro e te digo que o contraste das folhas amarelas e vermelhas das árvores com o céu bem cinza sempre ficará na minha mente. A meia temporada é uma ótima opção para quem não quer enfrentar a multidão de turistas e os preços altos da alta temporada.

Como chegar lá?

Não há voos diretos do Brasil para a Rússia, porém é muito fácil encontrar opções de conexão na Europa (França, Suíça, Itália, Alemanha, Inglaterra, entre outros), Oriente Médio (por Dubai ou Qatar) ou África (por Marrocos). A melhor opção é chegar por Moscou, que possui 3 aeroportos: Vnukovo (VKO), Domodedovo (DME) e Sheremetyevo (SVO).

É importante que você saiba que todos aeroportos estão bem afastados da cidade. Para chegar ao centro de Moscou, você pode ir de taxi (caríssimos) ou ônibus, mas a melhor opção seria o trem Aeroexpress. Esta opção não é cara (cerca de R$ 30,00), a qualidade do trem e a pontualidade são excelentes e de quebra você foge do trânsito de Moscou. A viagem dura 30 minutos se você sair do Vnukovo ou do Domodedovo e 1 hora do Sheremetyevo. O ticket pode ser comprado online pelo app, pelo site ou no próprio aeroporto. Obs: guarde o ticket do trem até o fim da viagem, pois ele pode ser pedido novamente.

Caso você vá para São Petersburgo, saindo de Moscou, há a opção de ir de avião ou de trem. A companhia área Aeroflot é a principal e a mais conhecida do país. Há também low costs europeias que oferecem este trecho, que dura 1h20. As passagens de avião são mais baratas que as de trem, porém tenha em mente que o aeroporto de São Petersburgo está a 1 hora do centro. Você também deve considerar os 30 minutos ou 1 hora para chegar ao aeroporto de Moscou e as intensas revistas em ambos aeroportos.

Por esses diversos motivos, decidi ir de trem. Há duas opções: a Sapsan, mais cara e rápida (dura 4 horas) e a Standard, mais barata e devagar, opção escolhida por mim, que pode durar de 8 a 14 horas. O trecho que fiz durou 8 horas, com menos paradas. Escolhi a opção noturna com leito. Dormi durante toda a noite, acabei economizando duas noites de hotel e realizei o sonho de viajar em um trem parecido com o que a Anastásia viajou (filme da Fox que inspirou essa viagem). Também há como ir sentado e esta opção é mais barata.

O trem sai de Moscou, na estação Leningradsky e chega na estação Moskovskiy, bem no centro de São Petersburgo. As passagens podem ser compradas neste site.

O que saber antes de ir/curiosidades?

Idioma: foi realmente bem difícil encontrar pessoas que falassem inglês. Por esse motivo, os pontos turísticos deste roteiro estão também em russo. Sugiro que você o imprima, pois quando eu queria perguntar alguma informação, eu mostrava o nome em russo para a pessoa e ela me ajudava (com o maior sorriso no rosto, inclusive).

Receptividade: é muito comum pensar que os russos são carrancudos e mal encarados, mas eles são muito amigáveis e querem te ajudar. Fui para a Rússia quando eu morava na Alemanha e para mim, foi nítida a diferença entre os alemães e os russos: o povo russo é muito mais solícito. Uma vez, estávamos perdidas em São Petersburgo e uma senhora pegou na minha mão e me levou até o ponto turístico que eu buscava. Em Moscou, uma adolescente viu nossa cara de assustada ao ver os nomes das estações de metrô em cirílico (alfabeto russo) e perguntou se precisávamos de ajuda.

Bebida: é muito comum encontrar pessoas bêbadas pela cidade em qualquer horário. E quando digo qualquer horário, me refiro a uma terça-feira às 8h da manhã. Alguns deles podem mexer ou tentar conversar com você, mas é só ignorar. De qualquer forma, seria impossível conversar com eles, a menos que você saiba falar russo.

Câmbio de moeda

O rublo russo não é uma moeda cara quando comparada ao real. No Brasil, somente é possível adquirir o rublo em algumas casas de câmbio. Você pode considerar levar dólar, mas devido a localização e a proximidade comercial da Rússia com a União Europeia, sugerimos que você leve euros e os troque por rublos quando chegar.

Não troque seu dinheiro em casas de câmbio localizadas no aeroporto ou com pessoas “aleatórias” nas ruas. Há diversas casas de câmbio pela cidade e não tivemos problemas com nenhuma. Uma dica é pedir sugestão de lugares aos funcionários do hotel ou hostel em que você está hospedado.

O cartão de crédito é aceito em alguns estabelecimentos. Se comparado com outros países da Europa, a Rússia aceita mais este tipo de pagamento, porém sugerimos o uso do mesmo somente em casos emergenciais, devido as altas taxas cobradas pelos bancos brasileiros.

Como se locomover

Táxi: tanto em Moscou quanto São Petersburgo, os táxis são caros e, principalmente em Moscou, o trânsito é caótico. Alguns táxis não possuem taxímetros e o valor deve ser combinado antes com o motorista. Como é difícil se comunicar em inglês por lá, esqueça o táxi para se locomover. Assim, você também acaba evitando valores abusivos cobrados por eles.

Uber/Yandex: o aplicativo Uber está disponível na Rússia e funciona bem. Caso não haja Uber na região em que você se encontre, utilize o app Yandex, também amplamente utilizado por lá. Tenha em mente que o trânsito é bem caótico e que a corrida pode ser tornar cara, devido ao grande congestionamento.

Trem: os trens atravessam as cidades de Moscou, São Petersburgo, Helsínque e Nizhny Novgorod e é a melhor opção para chegar a São Petersburgo. Veja mais no tópico acima “como chegar lá?”.

Ônibus: não é tão fácil identificar os pontos dos ônibus, porém é possível verificar horários do transporte público também pelo app Yandex. Nele, há também um mapa da cidade.

Metrô: além de ser muito eficiente em ambas cidades, as estações são um espetáculo a parte e inclusive estão incluídas neste roteiro. Através do app oficial do metrô, você tem acesso aos horários dos trens e informações sobre as estações que, por sinal, possuem Wi-fi. O app Yandex também possui o mapa do metrô, além de uma versão web em inglês. Saiba que em muitas estações, as placas de informação estão em russo, o que torna um processo muito intimidante no início.

Como usar o metrô na Rússia

Depois da Copa do Mundo em 2018, algumas estações passaram a ter identificação em inglês, porém há muitas sem sinalização em inglês. Se atente ao mapa ou, se quiser, tente aprender a ler o alfabeto cirílico. Por experiência própria, a melhor forma de se orientar pelo metrô russo é contando a quantidade de paradas para chegar ao seu destino.

Horário de funcionamento: 5h30 AM à 1h AM

Como identificá-lo: nas entradas das estações, geralmente há um grande “M” em vermelho.

Entrando no metrô: é muito provável que você entre na estação e tenha que descer 2 ou 3 lances de escada rolante, principalmente na parte mais central da cidade. Nas portas, o letreiro vermelho proíbe a entrada ao metrô e os letreiros verdes ou azuis identificam a entrada.

Como comprar o ticket: você pode comprar tickets únicos de uma viagem (57 rublos) ou o Troika Card (40 rublos por viagem). Há máquinas automáticas que não são difíceis de utilizar (o sistema está em inglês) e também a bilheteria, identificadas como KACCA (leia-se Kassa). Nelas, você recarrega o cartão ou compra um ticket com uma pessoa. A comunicação com o atende não foi difícil. Basta você pedir o Troika Card e dar a quantia que você quer recarregar. Ticket na mão, localize as catracas, passe o cartão ou insira o bilhete.

Os trens chegam a cada 1 ou 2 minutos. Se você errar a estação, basta esperar o próximo trem e voltar. Caso você precise mudar de linha, é possível identificar as cores facilmente. Talvez você tenha que descer ou subir uma leva de escadas. Fique atento. Para sair do metrô, procure o letreiro em inglês “Exit to the city” (saída para a cidade).

Onde se hospedar

As opções de hospedagem na Rússia são diversas. Há grandes redes mundiais de hotéis, hotéis menores, hotéis da época da União Soviética e hostels, onde eu me hospedei tanto em Moscou quanto São Petersburgo. Como eu estava com mais duas amigas, reservamos um quarto somente para nós três. Como todo destino, o primeiro passo é escolher a melhor localização e isso se aplica mais ainda a Rússia. É muito importante que você fique perto do metrô ou possa caminhar. Afinal, como dito anteriormente, depender de táxi não é uma boa ideia em ambas cidades.

Moscou

A parte mais central de Moscou é representada pela Praça Vermelha. Quanto mais próximo dela, mais caro o hotel.

  • Kitay-Gorod ($$$$ ou $$$$$): região mais próxima da Praça Vermelha. Nela, estão os mais famosos hotéis 5 estrelas, porém é possível encontrar hotéis 2 ou 3 estrelas.
  • Tverskaya Street ($$$ ou $$$$): próximo ao Teatro de Bolshoi. O hostel em que eu fiquei estava nesta região. Estávamos a 30 minutos a pé da Praça Vermelha e havia várias estações de metrô. Essa região pode até ser mais cara que outras, mas é uma ótima opção para ficar perto do centro, mas não em Kitay-Gorod. Meu hostel: Godzillas Hostel, Bolshoi Karetnyy 6.
  • Arbat District ($$$ ou $$$$): onde está a Rua Arbat, a mais famosa de Moscou e que também está neste roteiro. Por ser um bairro histórico e turístico, o metrô também está disponível. Está também a 30 minutos da Praça Vermelha.
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Na foto, a Catedral de São Basílio e o Kremlin

São Petersburgo

O centro de São Petersburgo é onde está o Palácio Hermitage, na praça Palace Square. Os bairros mais próximos deste ponto são Tsentralny e Admiralteysky, onde fiquei hospedada (meu hostel já não existe). Ambos bairros estão bem conectados ao metrô e lá estão concentrados os hotéis e os hostels da cidade, para todos os gostos. A caminhada para a Palace Square é de 30 minutos.

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O Palácio Hermitage, localizado na praça Palace Square

Dicas gerais (drop-down, boletos turísticos, souvenirs, etc.)

Souvenirs: deixei uns bons rublos nas lojinhas de souvenirs. Eu os achei mais caros se comparados com outros países da Europa. Fui para a Rússia decidida em comprar uma Matrioshka, a boneca de madeira que possui bonecas menores dentro dela. Com toda certeza este é o souvenir russo mais famoso. Há de todos os tipos: baratas, caras, com o rosto do Papa, do Putin, do Lenin, do Stálin, enfim, para todos os gostos. Apesar de muitos acharem que a origem da Matrioshka é russa, ela é na verdade japonesa. No século XIV, um patrono russo levou uma boneca camponesa japonesa que trazia várias outras menores. A boneca fez sucesso, versões russas foram criadas e ela passou a se chamar Matrioshka, o diminutivo de “matriona” (camponesa).

Os ovos Fabergé são uma obra prima da joelharia. Eles eram dados como presente pelos czares, principalmente na Páscoa. Dentro deles, há de tudo, relógios, jóias, mini esculturas, igrejas… Como se fosse um Kinder Ovo. Os originais são caríssimos, mas nas lojas de souvenirs há as imitações, bem mais baratas

Os ímãs também são uma atração a parte. Símbolos da união soviética e o Putin estão por toda a parte. As louças e chaleiras são lindíssimas também!

Vodka: impossível não pensar nela estando na Grande Rússia. Nas lojas, há várias minis garrafinhas com vodka, mas se você quiser comprar a vodka verdadeira da Rússia, vá a um mercado e compre a famosa Stolichnaya (Столичная) ou então a Russian Standard (Русский Стандарт).

Drop-down: como quase todo país europeu, o ônibus hop-on hop-off está disponível tanto em Moscou quanto em São Petersburgo. Custa entre 20 e 30 dólares e pode ser uma opção para quem não ficará muito tempo na cidade. Entretanto, caminhar por Moscou e São Petersburgo não é difícil e é a melhor forma para conhecer a cidade. Sem falar (de novo) que as estações do metrô são uma galeria de arte aberta.

Moscow CityPass: este ticket inclui a entrada em 40 atrações (incluindo Kremlin, a Catedral de São Basílio e vários museus), cruzeiro no Rio Moscou, entre outros. Se você tem muito tempo na cidade, esta é uma excelente opção. Mais detalhes aqui.

Free Walking Tour: nosso queridinho, usamos e abusamos dele tanto em Moscou quanto em São Petersburgo. Em Moscou, fizemos o tour “Clássico” e o “De volta a União Soviética”, oferecido pelo Moscow Free Walking Tour. Há também tours pelas estações de metrô, mas achamos caro e decidimos fazer por conta.

Nosso guia Pavel e o Sino dos Czares (Царь-колокол), considerado o maior sino do mundo.
Dicas mala (o que vestir)

Algumas igrejas ortodoxas podem pedir para que você entre com um lenço na cabeça, cobrir os ombros e as pernas. É bom andar com um na bolsa. De resto, segue a regra de mala para a Europa.

Para mais dicas sobre como arrumar as malas, confira nesse post.

O que comer

McDonald’s que nada! Os fast foods que mandam na Rússia são o Teremok (Теремок), rede que vende o blini (crepe russo), e o Moo-Moo, muito fácil de ser encontrado na Rua Arbat: basta encontrar uma estátua de vaca. No GUM, o shopping que fica na Praça Vermelha, tem uma praça de alimentação com restaurantes a preços acessíveis. Quanto a restaurantes/cafés mais caros, fala-se muito do Café Pushkin e White Rabbit. Alguns pratos típicos russos:

Pão preto
Ikrá (caviar): o preto é mais caro que o vermelho. Experimentei o vermelho na rua mesmo. É muito fácil de encontrá-lo.
Strogonoff: prepare-se, ele é diferente do nosso, mas também muito bom!
Pelmeni: um bolinho de carne
Borscht: a famosa sopa de beterraba


Roteiro turístico

Quantos dias ficar

Eu fiquei 3 dias em Moscou e 2 dias em São Petersburgo. Na época, eu morava bem mais perto da Rússia, na Alemanha, e aproveitei um feriado de outubro para visitar esse tão sonhado país. Caso você saia do Brasil, considere o tempo de duração do voo, o cansaço e o jet lag que você provavelmente terá. Note também que dormi duas noites em um trem, para otimizar o tempo de visita que tinha. Se você deseja visitar o país com mais calma, mas mesmo assim aproveitá-lo ao máximo, minha indicação é ficar 4 dias em Moscou e 3 dias em São Petersburgo.

1º dia – Moscou


Praça Vermelha (Красная площадь)

Separe um dia inteiro para a praça central de Moscou. Lá, estão os pontos turísticos mais famosos de Moscou. A Praça Vermelha é muito conhecida pelos desfiles militares na era soviética e atual. Muito se engana quem pensa que ela tem esse nome pela cor vermelha do Comunismo. Krasnaya significa tanto vermelho quanto bonita em russo. A melhor forma de entrar na Praça é pelo Portão da Ressurreição (Воскресенские ворота), que está entre a Prefeitura de Moscou e o Museu Estatal de História Nacional. Estações próximas: Okhotny Ryad (linha vermelha), Teatralnaya (verde) e Ploschad Revolutsii (azul). Sugiro fortemente que você a visite de dia e de noite. Dentro dela, visite:

Catedral de São Basílio (Собор Василия Блаженного)

Símbolo não só de Moscou, mas do país. Pensar na Rússia é sinônimo de pensar nesta igreja ortodoxa coloridíssima. Ela foi construída pelo Czar Ivan IV (o Terrível), que (dizem) mandou cegar o arquiteto desta igreja para que ele nunca pudesse fazer outra igual. Dentro, é possível ver a quão antiga ela é, afinal, ela tem quase 500 anos. A Catedral não é uma igreja e sim um conjunto de capelas e diversos pequenos salões. Percorrer os corredores foi bem interessante, mas saibam que o interior não é tão impressionante quanto ao exterior da igreja. Você pode comprar o ingresso pela internet ou na bilheteria.

Mausoléu de Lenin (Мавзолей В.И. Ленина на Красной площади)

Em frente ao muro do Kremlin, está o Mausoléu do Lenin. O corpo do fundador da União Soviética foi embalsamado dois dias após sua morte. A entrada é gratuita e a visita dura no máximo 5 minutos, caso você não pegue fila. Você tem que deixar todos seus pertences no guarda-volumes, inclusive seu celular. Entre na fila e caminhe sem parar. Um policial estará no começo e um outro no fim dessa fila. Não tire fotos, não fale, não sorria e não enfie a mão no bolso. O mausoléu abre todos os dias, menos de segunda e sexta.

Necrópole da Muralha do Kremlin

Localizado atrás do Mausoléu de Lenin, nesta necrópole estão enterrados outros governantes da União Soviética, como Stalin e Chernenko e as cinzas de personalidades importantes como os cosmonautas Yuri Gagarin e Vladimir Komarov estão guardadas nas muralhas.

Kremlin (Московский Кремль)

Visitamos o Kremlin com o guia do Free Walking Tour. Sede do governo da Rússia, turistas podem visitar somente o Complexo das Catedrais, o Palácio do Arsenal (onde há uma coleção de coroas, joias e diamantes) e o Museu do Arsenal (que expõe o poderio bélico do país). Todos os demais edifícios não são abertos a população. O guia comprou o ingresso para o nosso grupo. Caso você não esteja com um, compre o ingresso pela internet ou na bilheteria exatamente no horário em que você o visitará. Os seguranças são chatos com isso. Há dois tipos de ingresso: para o Museu do Arsenal e para o Complexo das Catedrais. O Kremlin abre todos os dias, menos as às quintas-feiras. A entrada é pela Torre Troitskaya e a saída é feita pela Torre Kutafya.

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Muro do Kremlin e, em frente, o Mausoléu de Lenin

Tumba do Soldado Desconhecido (Могила Неизвестного Солдата)

No trajeto de volta a Praça Vermelha, está o Jardim de Alexandre (Александровский сад). A Tumba do Soldado Desconhecido está localizado nele. Em frente dela, há a troca da guarda todos os dias, a cada hora. É fácil de o jardim: no centro dele, há uma chama que não se apaga e que simboliza os milhões de soldados russos que morreram na Segunda Guerra.

Catedral de Kazan (Казанский собор)

É uma igreja ortodoxa russa que homenageia a Virgem de Kazan. Eu não estava com um lenço para cobrir a cabeça e não consegui entrar nela. Fica a dica para vocês, futuras viajantes.

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A também colorida Catedral de Kazan

GUM (ГУМ)

Antigamente um mercado que na era soviética distribuía alimentos a população, agora é um shopping de luxo. Dentro, ele é lindíssimo e possui uma praça de alimentação.

2º dia – Moscou


Catedral Cristo Salvador (Хра́м Христа́ Спаси́теля)

Aberta todos os dias e com entrada gratuita, esta catedral ortodoxa fica à beira do rio Moscou. A Catedral Cristo Salvador é a mais importante do mundo e é onde fica o bispo Ortodoxo russo e patriarca de toda a Rússia. Na década de 30, Stálin ordenou a destruição desta igreja. Destruir templos e igrejas era uma prática comum durante a União Soviética. Na década de 80, a igreja foi reconstruída. Mulheres devem cobrir os ombros, as pernas e os cabelos. Homens não podem entrar de shorts. Estação próxima: Kropotkinsaya.

Arranha Céus do Stalin (Московский Государственный Университет имени М.В.Ломоносова)

Também conhecido como as “Sete Irmãs”, os Arranha Céus de Stalin foram construídos durante seu governo. Ele utilizou a mesma tecnologia usada pelos americanos quanto a construções de grandes edifícios. A Universidade de Moscou está localizada no maior dos sete prédios. O complexo também conta com hotéis e prédios residenciais. As “Sete Irmãs” inauguraram o estilo stalinista, presente nos edifícios construídos durante seu governo. Após sua morte, o governo proibiu este estilo arquitetônico, devido a excesso de gastos.

Rua Arbat (У́лица Арба́т)
Rua mais famosa de Moscou, é na Arbat onde estão concentradas as lojas de souvenirs, cafés, artistas, etc. Você encontra souvenirs caros e baratos. Pechinchar é lei. Comprei meus souvenirs lá, porque a emoção era grande e não aguentei esperar ir ao mercado Izmailovo. Estação: Smolenskaya e Arbatskaya.

Turismo no Metrô

O Metrô de Moscou é um dos mais lindos do mundo. Você nem precisa sair das estações para ver sua beleza, só saia do trem, tire fotos e volte ao trem. Já que não é necessário sair, apenas um ticket de trem é utilizado neste passeio. Evite horários de pico para fazer este tour. A tarde e de noite são as melhores opções. As estações mais bem decoradas são as Komsomolskaya, Prospekt Mira, Novoslobodskaya e Kiyevskaya, na linha 5 circular marrom, e a Mayakovskaya na linha 2 verde.

  • Komsomolskaya (Комсомо́льская): ordenada para ser o “Palácio do Povo”, é a estação mais famosa de Moscou e a que recebe mais turistas. Seu teto é amarelo e os detalhes em barroco são brancos e há também mosaicos que contam a história russa.
  • Prospekt Mira (Проспект Мира): inspirada pelo Jardim Botânico de Moscou, ela representa o desenvolvimento agronômico da União Soviética.
  • Novoslobodskaya (Новослободская): com mais 32 vitrais de vidro colorido, esta estação homenageia políticos e personalidades importantes para a história russa.
  • Kiyevskaya (Ки́евская): estação que homenageia a cidade de Kiev, na Ucrânia, ela é uma intersecção das linhas verde e vermelha. Visite as duas. Os mosaicos com molduras douradas são lindíssimos.
  • Mayakovskaya (Маяковская): decorada no estilo Art Deco do período Stalinista pré-guerra. Os arcos alinhados são lindos.

3º dia – São Petersburgo

Praça do Palácio (Дворцовая площадь)

Passamos a noite no trem noturno que nos levou a São Petersburgo e começamos o dia, novamente, em uma praça: a Praça do Palácio. Um dos pontos turísticos mais visitados na Rússia, a praça é um Patrimônio Mundial da Unesco. Separe um dia inteiro para ela. Metrô: Admiralteyskaya. Dentro dela, visite:

Palácio de Inverno – Museu Hermitage (Дворцовая площадь)

Atração principal de São Petersburgo, o Hermitage é um palácio-museu. De 1762 e 1904, o palácio serviu de residência oficial de inverno dos czares russos. Depois da revolução de 1917 e o fim do imperialismo na Rússia, o palácio foi utilizado provisoriamente pelo novo governo bolchevique, de Vladimir Lênin, que deu início ao Comunismo na Rússia. Um dos museus mais importantes do mundo, o Hermitage abriga mais de três milhões de peças, com obras do império czarista e também de Da Vinci e Michelangelo.

O museu oferece audioguias ou também você pode contratar um guia. Indicamos a compra do ingresso online antes da visita, neste site. Há duas opções: 1 dia ou 2 dias de visita. Compramos o passe de 1 dia e foi suficiente. A entrada é gratuita na terceira quinta-feira do mês e está fechado todas as segundas-feiras. Estudantes entram de graça apresentando a carteira internacional de estudante.

Coluna de Alexandre (Алекса́ндровская коло́нна)

Localizada bem no meio da Praça do Palácio e entre o Palácio de Inverno e o Palácio do Estado Maior, este monumento homenageia a vitória da Rússia na invasão do Napoleão. O governo comunista chegou a ordenar a substituição do monumento por uma estátua do Stálin, mas isso nunca aconteceu.

Palácio do Estado Maior (Здание Главного штаба)


Em frente ao Palácio de Inverno e do outro lado da Praça do Palácio, está localizado o Palácio do Estado Maior. Antes de Moscou, a capital da Rússia era São Petersburgo. O Palácio abrigou o Ministério da Defesa, Ministério das Relações Exteriores e o Ministério das Finanças. Não entramos no Palácio, apenas tiramos foto do lado de fora. O arco que fica bem no meio do edifício te leva para a Avenida Nevsky, a mais famosa da cidade.

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O Palácio do Estado Maior e a Coluna de Alexandre

Catedral do Sangue derramado (Храм Спаса на Крови)

A 15 minutos andando da Praça do Palácio, está a lindíssima Catedral do Sangue derramado. A Catedral foi construída exatamente onde o czar Alexander II foi assassinado após um ataque a bomba, em 1881. O interior da igreja é incrível. Recomendo a entrada. Há mosaicos por todas as partes e é bem mais bonita que as igrejas de Moscou ou o Kremlin. Caso você queira comprar lembrancinhas, há uma feirinha que vende souvenirs atrás da Catedral. Fecha às quartas feiras. Os tickets podem ser comprados antecipadamente nesse site.

A Catedral do Sangue Derramado

Catedral de Nossa Senhora de Cazã (Собор Казанской иконы Божией Матери)

A 15 minutos caminhando, está a Catedral de Nossa Senhora de Cazã. A Catedral se parece mais com um monumento, devido a sua extensão, mas não se engane: esta é a igreja onde fica o bispo ortodoxo de São Petersburgo. A entrada a igreja é gratuita. Entramos rapidamente na igreja e o interior também é bem bonito.

Catedral de Santo Isaac (Исаа́киевский Собо́р)

Além de ser a maior catedral de São Petersburgo, sua cúpula é uma das maiores do mundo. O interior é lindíssimo e a vista do deck superior é uma das melhores de São Petersburgo. Para ter uma vista panorâmica da cidade você deve pagar a parte e subir 300 degraus. Fechada as quartas-feiras. O ingresso pode ser comprado antecipadamente no site.

Fortaleza de São Pedro e São Paulo (Петропа́вловская кре́пость)

Marco inicial de São Petersburgo e segundo ponto turístico mais visitado, os passeios de barco no Rio Neva saem dessa fortaleza. São Petersburgo tem várias ilhas, o que torna o passeio muito interessante. No verão, russos e turistas aproveitam a prainha de lá. Na Fortaleza, está localizada a Catedral de São Pedro e São Paulo, onde diversos os czares russos foram enterrados.

4º dia – São Petersburgo


Peterhof (Петерго́ф)

Conhecido carinhosamente como “Versalhes Russo”, ele fica a 1h30 do centro de São Petersburgo. Então, separe um dia inteiro dessa visita que é, na minha opinião, imprescindível. Os palácios, as fontes e o jardim são impressionantes, além do fato que você consegue ver a Finlândia do outro lado do Golfo. As tropas nazistas se instalaram no Palácio por 3 anos, após sua invasão. Quando saíram, o complexo foi altamente destruído por eles e estátuas foram roubadas. Após o fim da guerra, a Rússia reconstruiu detalhadamente este conjunto.

Sugiro a compra antecipada da entrada ao complexo por esse site. Há ingressos para entrar ao Palácio e o jardim ou somente ao jardim. Peterhof fecha as segundas-feiras e as fontes funcionam somente de maio a setembro.

Há duas opções para chegar em Peterhof: van ou barco (hydrofoil), que funciona somente no verão. O barco parte em frente ao Hermitage. Fomos de van, por ser mais barato (metade do preço), além de ser nossa única opção, já que fomos em outubro. Caso você escolha essa opção, vá até a estação Avtovo (Aвтово), atravesse a rua e procure uma van que esteja escrito Петерго́ф (Peterhof) ou Фонтаны (fonte, em russo). Para voltar ao metro, procure vans ou ônibus com o símbolo “M”, de metrô, ou метро/Aвтово.

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As fontes (desligadas) de Peterhof

5º dia – São Petersburgo

Palácio da Catarina, antigamente Tsarskoye Selo (Екатерининский дворец)

Antiga residência de verão dos czares, o Palácio da Catarina fica a 40 minutos do centro de São Petersburgo, na cidade de Pushkin.

O interior do Palácio é bem mais impressionante que o de Peterhof. Como o Hermitage, você pode alugar o audioguide ou contratar um guia. Acho muito importante ter o audioguide. Ouvir a explicação e a história dos cômodos e dos quadros enquanto você percorre o palácio é uma experiência muito rica. Os jardins também são bonitos, mas o Peterhof ganha nesse quesito. Esta vila imperial conta ainda com o Palácio de Alexandre, que possui elementos de decoração asiáticos, uma galeria com obras admiradas por Catarina, a grande e diversos outros prédios.

Um pouco antes do fim da Segunda Guerra Mundial, as tropas nazistas também destruíram praticamente todo este Palácio. Há estátuas e objetos roubados na época que não foram encontrados até hoje. A Sala de Âmbar é o cômodo mais famoso e mais impressionante do Palácio da Catarina e também foi destruído. Algumas salas estão em sendo reconstruídas até hoje.

Para chegar ao Palácio, vá até a estação Moskovskaya (Московская) e procure as vans com um adesivo escrito Pushkin (Пyшкин), Tsarskoye Selo (Царское Село) ou Ekhaterine Palace (Екатерининский дворец). Os mini ônibus ficam atrás de uma estátua do Lenin. Para voltar ao metro, procure vans ou ônibus com o símbolo “M”, de metrô, ou метро/Aвтово.

O Palácio está fechado as terças-feiras. A fila, no verão, é imensa. Os tickets podem ser comprados antecipadamente nesse site.

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O Palácio da Catarina

6º dia – Moscou


Tivemos somente algumas horas em Moscou, pois nosso voo para a Alemanha seria na parte da noite.

Izmailovo Market (Кремль в Измайлово)


Izmailovo é um mercado com muitas lojinhas que vendem souvenirs pela metade do preço da Rua Arbat. É aberto todos os dias, mas no final de semana há mais lojas. Pechinchar é lei lá também. O mercado fica dentro de um Kremlin (fortificação) também de nome Izmailovo. Este é um Kremlin moderno, construído em 1998 e com edifícios que são réplicas de construções russas antigas. Está um pouco afastado da cidade. Metrô: Partizanskaya.  

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O alegre mercado Izmailovo

Parque Gorki (Парк Горького)

O Gorki é o parque mais conhecido de Moscou. Como dito naquela música dos assobios dos Scorpions (“Wind of Change”), ele está à beira do rio Moscou. Muitos moscovitas e turistas vão ao parque para caminhar, mas o mais interessante, para mim, foi o Parque dos Monumentos Caídos (Muzeon Park of Arts, Парк искусств МУЗЕОН), que está em frente ao Gorki. Neste local, há vários monumentos impopulares que foram ao colapso após o fim da União Soviética como: estátuas de Stálin, Karl Marx, Lenin e brasões soviéticos. Metrô: Oktyabrskaya.

Teatro Bolshoi (Большой театр)


Não tive a oportunidade de assistir um espetáculo no Teatro Bolshoi, mas me arrependi de não ter visto nada. Assistir ao Lago dos Cisnes deve ser uma experiência inesquecível. Há também óperas. Procure quais ballets e óperas estão em cartaz quando você for e compre os ingressos por esse site. Caso você queira somente visitar o Teatro, há um tour guiado às terças, quartas e sextas. O ingresso pode ser comprado na bilheteria do edifício histórico no dia do tour. Compre-os com bastante antecedência, as entradas são disputadíssimas. Metrô: Teatralnaya.

Países que dá pra conhecer junto

Há motivos de sobra para visitar somente a Rússia, mas viajantes que estão visitando o Leste Europeu, os Países Bálticos ou os que percorrem a Transiberiana (a enorme ferrovia que atravessa a Rússia, China e Mongólia) também costumam adicionar a Rússia no roteiro.



Isabela Aguiar já morou na Alemanha e em Dubai e começou a viajar há 10 anos. É fascinada por pirâmides, mas também por arranha-céus. É apaixonada pelo mundo, mas especialmente pela América Latina. Compartilhar suas experiências e convencer as pessoas a viajarem mais é a sua maior motivação.

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